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http://www.gamesbids.com/forums/topic/18234-rio-2016-news/page-99
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O Centro da cidade inspirava ares europeus (a Paris dos Trópicos) e a Barra da Tijuca passou a respirar ares americanos, norte-americanos (a Miami Carioca).
De fato, a concepção da Barra teve como base o estilo de cidades dos Estados Unidos, que por sua vez seguia o conceito de cidades do futuro.
Surgia, assim, o american way of life carioca, e com ele duras críticas à invasão americana.
Observem o texto abaixo, de uma tese de mestrado em Geografia:
A francofilia brasileira fez da rua do Ouvidor (…) o coração palpitante da cidade. O consumo transmutante do carioca em parisiense tinha na rua o seu espaço mágico. A americofilia fez da combinação do condomínio fechado e do shopping da Barra da Tijuca a Miami da América do Sul (…)
O cartaz “Sorria você está na Barra” é a marca territorial, o portal do Rio pós-moderno. Ao seu visitante só é permitido ir à praia ou ao shopping. Recebido de braços abertos, o cidadão-automóvel tem passagem livre e é acolhido pelo estacionamento de algum shopping (…)
A Barra da Tijuca, que substituiu Paris por uma Miami, propõe a fuga do Rio e a segmentação condominial. Como um espaço pós-moderno recebe o visitante de braços abertos, se este é orientado para o shopping e para abrir a carteira.
O “cidadão-auto” tem passagem livre e é recolhido ao estacionamento particular, que permite ao “estrangeiro” chegar ao futuro e marcar presença no shopping.
A Barra da Tijuca se inspira no modelo máximo de latinidade dos Estados Unidos. Como existe um submodelo: o balneário de Cancun, a Barra procura combinar os dois no que para ela é a sofisticação de Nova Iorque (…)
(…) observemos mais atentamente a gigantesca réplica da Estatua da Liberdade localizada na frente do shopping New York City Center (…) considerada por alguns um “símbolo da dominação e da influência que os Estados Unidos exercem sobre a cultura brasileira”.
(…) Os condomínio, espaços segregados, repletos de serviços e opções de lazer, são um simulacro da realidade vivida nos bairros tradicionais da cidade, porém com um filtro que deixa de fora tudo aquilo que seria avesso a um modelo de vida calmo, bucólico e sem os sobressaltos da realidade.
(…) Os shopping centers, igualmente simulações da realidade, fazem parte deste viver diferenciado. Tal binômio, condomínio/shopping, está no cerne habitante da Barra da Tijuca, mais que em qualquer outro habitante do Rio.
(Leão, RF -2009)
Realmente, o estilo estadunidense invadiu a Barra da Tijuca,
mas a invasão não se deu só por aqui. Como superpotência invadiu o mundo com o seu idioma e sua cultura. No Brasil isso ocorreu pelos idos dos anos 1970 e mais recentemente na era da informática.
Éramos só abajur, chofer e butique; laquê, bisturi, filé, bureau, buquê, boné, toalete e purê,
e agora somos também shopping, happy hour, delivery, motoboy, leasing, checkup, diet, drink, playground, fair play e site.
Por exemplo, nós ainda usamos lingerie, quer dizer, nós não, o idioma usa. O povo ainda fala francês por aqui.